O dispositivo ‘não curtir’ X é um dispositivo sobre conteúdos. O que sua utilização implica é passível de análises diversas, porém, todas elas devem convergir para um ponto: rejeição de conteúdo. Tal mecanismo, que é formal, não gera conteúdo, mas, como dito, trabalha sobre este. Com esse mecanismo, possibilita-se a rejeição de ideias originárias de perfis da rede partilhada, e, consequentemente, permite a criação de um ambiente de oposição. Em um meio como as redes sociais, os usuários dirigem-se para o benefício de ter seus conteúdos "curtidos", e, certamente, não se dirigem para a tendência de ter seus conteúdos “rejeitados” (mesmo que fosse impossível não fazê-lo).
“Mas já não há outras redes com o mesmo dispositivo?” “Por que o Facebook não o adota?” “O Mark Zuckerberg é antidemocrático?” (como se fosse uma questão de democracia!). Vamos partir de um ponto bastante simples: no YouTube, por exemplo, temos contas, mas o foco são os vídeos. Ou seja, nesse meio, o conteúdo em destaque, na grande maioria dos casos, nem é do detentor do perfil, tão somente este se vincula àquele, ou por querer fazer uma homenagem, ou divulgar um conteúdo que considera relevante, enfim. No Facebook, no entanto, o foco é o próprio perfil. Se opor a um conteúdo significa se opor a algo ligado a uma conta de perfil, ambiente onde o foco é justamente a rede. Quando alguém não tem o benefício desejado em um dado meio (de expressão), tende a não utilizá-lo. Assim, haveria, possivelmente, êxodo de pessoas da rede ou mesmo uma queda na interatividade (geração de conteúdo). Quem perderia com isso? A empresa.
“Mas e se a tendência da comunicação for justamente a da manifestação de oposição ou não a conteúdos?”. Não nos esqueçamos que o sistema se dirige para a sustentabilidade do próprio sistema: http://pt-br.facebook.com/pages/DISLIKE-button/164904991028?sk=info.
Tendência à Expressão. As pessoas querem expressar-se, sem considerar em grande escala o custo-benefício da forma-conteúdo dessa expressão. Mesmo que não produzam conteúdo, as pessoas demonstram a tendência à expressão, quer seja produzindo, quer seja sobre conteúdos alheios.
Mas, se me oponho a um conteúdo da rede, por que não escrevo, desenvolvendo um argumento? A forma parece mais relevante do que o conteúdo, justamente pelo baixo custo.
Vejamos algumas perspectivas apontadas por usuários-analistas da rede: http://thenextweb.com/socialmedia/2010/10/10/facebook-dislike-button-why-it-will-never-happen/:
ResponderExcluir"FaceMod, the developer behind the ‘dislike’ add-on for Firefox, states: “…the Dislike button is not for the haters…we made this for the millions of folks who use Facebook and who, like ourselves, wanted the ability to “Dislike” things to express our sympathy or shared resentment for the distasteful, the disgraceful, and the downright rotten!”."
Argumentos para a não-existência do Dislike Button:
Comunicativo-social:
"Social media is all about building networks, being accepted, being ‘liked’, sharing information…positive things. A dislike button goes against all of that and would only promote bad karma and negativity. Anti-social media, in other words."
Econômico: "But over and above Facebook’s desire to keep connecting people in a positive fashion, there’s the issue of revenue. Money, as we all know, talks. All those company pages and sponsored ads bring a lot of cash to Facebook, and giving 500 million people free reign to openly dislike something which has cost a company x amount to promote doesn’t make good business sense for Facebook."
Ambos, mesmo que não extensivamente desenvolvidos, decorrem de pressupostos comunicativo-cognitivos e geram conclusões relevantes para o meio empresarial, sobretudo!
Do ponto de vista computacional, tal mecanismo gera conteúdo? E do ponto de vista comunicacional? Valor estatístico é conteúdo? Ranquemento por opinião gera informação, informação é conteúdo?
ResponderExcluirSe não gostou de algo e quer expressar isso que apresente seu argumento, muito mais relevante do ponto de vista informativo e comunicativo do que o dislike button, pois aumenta a possibilidade de réplica. Outra ponto é: será que quem pede pelo botão dislike considerou a possibilidade de ser alvo do mesmo? Provavelmente não.
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