Uma das teorias mais relevantes surgidas no campo da Psicologia é a Teoria da Mente.
Atribuição inevitável de estados cognitivos |
Tal relevância dá-se em função de seu inegável Potencial de Aplicação (COSTA, FELTES 2010) em contextos particulares de interação, bem como, e mais importante, para a compreensão de situações-tipo da realidade social (interações específicas, como discussões amorosas, por exemplo).
A Teoria da Mente surgiu de estudos sobre a cognição animal, em que se fez central o artigo de Premack e Woodruff, de1978.
A partir de considerações acerca do comportamento de chimpanzés, psicólogos comportamentais voltaram-se para questões a respeito de como a criança concebe seus próprios estados mentais do mesmo modo que atribui estados mentais a outros - a exemplo de intenções e expectativas.
Para alguns teóricos, entre eles Premack e Woodruff (1978), um indivíduo constrói um conjunto de hipóteses acerca da própria cognição e da cognição de outros indivíduos, de modo a fazer inferências, a generalizar processos e a realizar predições sobre comportamentos; assim, tal indivíduo - criança ou adulto, humano ou não - estaria criando uma teoria sobre a mente. É nesse sentido o termo "teoria".
A teoria da mente seria, assim, uma habilidade cognitiva central.
Isso posto, observemos questões-chave na teoria de mente, em suas diferentes abordagens.
- Crenças verdadeiras/falsas que compõem o ambiente cognitivo de um indivíduo
- Intencionalidade (uso/atribuição de crenças para alguma finalidade)
- Julgamentos (errôneos ou não sobre um conjunto de proposições/crenças)
- Percepções (resultados dos sentidos)
- Emoções (resultados de percepções)
Tipos de Crenças:
Crenças de primeira ordem: crenças de um indivíduo em relação ao mundo.
Exemplo de estado mental correspondente: Ignorância
Crenças de segunda ordem: crenças referentes ao estado mental de outro(s) indivíduo(s).
Exemplo de estado mental correspondente: decepção (estado mental/emocional, que envolveria expectativas em relação a ações/crenças de outro(s)). Na verdade, Decepção, medo, etc. seriam melhor classificados, no meu ponto de vista, dentro do que poderíamos chamar de crenças de terceira ordem: estados mentais derivados de crenças sobre estados mentais de si ou de outros indivíduos.
De segunda ordem, teríamos crenças do tipo "creio que ele deseja/sente/aprecia...".
Logo, referem-se a diferentes tipos de informação,
- Informação afetiva (sensações)
- Informação sobre o mundo (de contexto físico - perceptiva)
- Informação sobre cognições no mundo (inferência)
- Expectativas
Temos, então, que nosso cérebro-mente é uma máquina de processar e gerar informações.
Estamos, em todos os momentos do dia de todos os dias, envolvidos com teorias da mente, inferindo estados mentais alheios e refletindo sobre nossos próprios. Nossos estados mentais, assim, além de dividirem um mecanismo comum de procedimento, dividem o mais importante: formas e conteúdos.
Ao inserirmos uma crença nova em nosso sistema, este é rearranjado, impactando o conjunto que o forma. Na maioria das vezes, não percebemos tal impacto, pois as alterações em nosso organismo parecem seguir padrões pró equilíbrio psico-físico, evitando o desgaste e a proliferação irrelevante de informações novas (ver texto On relevance and irrelevances).
A questão central é que não ficamos indiferentes às informações que nos cercam, o que torna aquilo que dizemos, demonstramos e agimos extremamente importante na cadeia social. Afetar cognições é afetar uma cadeia de crenças ilimitada, cujas reações são tão inesperadas quanto imensuráveis em termos de força/grau.
O conteúdo de uma proposição, em determinado momento em determinado sistema, pode ser a causa de um reajuste positivo ou negativo para aquele sistema e isso é uma responsabilidade que partilhamos.
Mas e a Lady Gaga?
Pois é, ela passou, no modo relâmpago, pelo BrASil: chegou rapidamente, fez muito barulho e deixou marcas por onde passou.
Lady Gaga exemplifica um fenômeno extremamente fantástico: um indivíduo pode, em um diálogo assimétrico, bombardear positivamente um grande número de cognições em um breve espaço de tempo e de modo consentido.
Pois é, ela passou, no modo relâmpago, pelo BrASil: chegou rapidamente, fez muito barulho e deixou marcas por onde passou.
Lady Gaga exemplifica um fenômeno extremamente fantástico: um indivíduo pode, em um diálogo assimétrico, bombardear positivamente um grande número de cognições em um breve espaço de tempo e de modo consentido.
Os salários
de certos comunicadores, esportitas e artistas parece algo extratosférico; afinal de contas, o que eles fazem que os demais não fazem? O que eles têm de 'especial' que justifique tamanha discrepância em termos de remuneração 'social' em relação aos outros indivíduos?
de certos comunicadores, esportitas e artistas parece algo extratosférico; afinal de contas, o que eles fazem que os demais não fazem? O que eles têm de 'especial' que justifique tamanha discrepância em termos de remuneração 'social' em relação aos outros indivíduos?
Se seguirmos a nossa linha expositiva, veremos que eles são responsáveis pela alteração de um sem-número de cognições no dia a dia de sua carreira. Eles trazem informações novas em termos de crenças, expectativas e sensações e fazem com que um grande número de organismos reaja positivamente a um conjunto de estímulos. Isso é, por si, algo digno de nota.
O cálculo do salário de tais indivíduos de fato pode levar em consideração o impacto destes sobre o grande grupo, o que já é feito, através de medidores de popularidade, entre outras ferramentas.
Negar a severidade de tal cadeia causal é negar o funcionamento de funções cognitivas básicas.
Ilustração inspiradora
(fala inicial do eddie vedder)
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