Ler Ações

Tomemos o seguinte artigo como base para o nosso diálogo: ttp://www.sciencemag.org/content/302/5649/1338.short.

O texto é bastante pertinente, pois o principal argumento levantado pelos pesquisadores se refere a uma questão central não apenas para a ação coletiva relacionada à doação de órgãos, sendo uma questão subjacente a qualquer ato grupal: a pressão do padrão/ o custo de mudar o default.
Em minha pesquisa de doutorado, trabalho com a relação entre Pensar-Falar-Agir, em termos dialógicos; isso é, investigo a racionalidade dialógica, que parece exigir um padrão/expectativa de coerência entre suposições, falas e ações/atos. 
No texto indicado, há uma passagem bastante significativa quanto a isso:
Calls for campaigns to change public attitudes (13) are widespread. In classical economics, defaults should have a limited effect: when defaults are not consistent with preferences, people would choose an appropriate alternative.

Ou seja, há uma relação causal entre preferências (suposições) e ações.
Indo além, vemos uma lei/um padrão comportamental interessante:
There are many reasons preventing registered potential donors from actually donating.
O que faz alguém agir diferentemente de sua vontade?
 One reason these results appear to be greater than those in our laboratory study is that the cost of changing from the default is higher; it involves filling out forms, making phone calls, and sending mail.
Ou seja, parece haver uma lei de custo-benefício atuando. No campo das Ciências Cognitvas, há uma teoria com forte poder explanatório: a Teoria da Relevância, de Sperber e Wilson (1986, 1995). A teoria defende que a nossa cognição se dirige para os maiores ganhos cognitivos positivos e/ou para o menor custo de processamento. Isso significa que buscamos os maiores benefícios com o menor custo possível, ou simplesmente buscamos o menor custo possível - o que explica comportamentos inconsistentes, pois, por pressões naturais (o que dizer?), agimos até mesmo contrariamente as nossas suposições.
Que compreendamos nossa cognição para exercitarmos nossa cidadania com mais efetividade, mesmo que isso nos demande maior esforço - contrariamente a nossa (aparente) natureza.

Fonte:  acritica.uol.com.br

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