Os 5 estágios da dissertação

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Há uma época na vida de todo acadêmico -- na condição de aluno, principalmente -- em que nos tornamos estranhos, bem mais do que os parentes distantes já pensam. A época da dissertação, do tcc ou da tese. Estranhos ao ponto de nossa família começar a arquear as sobrancelhas. Ficamos com o olhar que lhes parece distante, um jeito de caminhar peculiar -- apressado e pendendo para um lado por causa do peso de livros, notebook e a lista vai crescendo --, hábitos alimentares rudimentares -- muita cafeína, biscoitos e macarrão instantâneo --, respostas sem sentido, ostracismo analógico e/ou digital (ou estamos de cara nos livros ou de cara no PC), tendência por guardar objetos em lugares inapropriados -- chaves no congelador, celular no cesto de pão e controle remoto para fazer ligações --,  noites em claro e parada de ônibus perdida porque dormiu, e o desenvolvimento de léxico monossilábico -- aham, sim, não, tá, é...
Há outras peculiaridades nesse período, é claro, como mudanças de humor repentinas -- do obsessivo ao apático. Época perigosa, para os outros principalmente, pois alguns acadêmicos até rosnam quando abordados. Os mais calmos simplesmente desenvolvem "o levantar a cabeça do que estão fazendo, abrir a boca e soltar um solitário: ahm?". Isso só para ilustrar, os sintomas são um pouco variados e alguns nem se dão conta do que está acontecendo.
Já ouviram falar nos cinco estágios da dissertação (ou tese, ou TCC)? Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Percebemos que o prazo está se aproximando e começamos a desconfiar de que não estamos indo como deveríamos. Então negamos, fingimos que isso não existe, que estamos dentro do cronograma e que a banca será muito tranquila. Passamos em seguida para o segundo estágio -- a raiva --, no qual nos tornamos perigosos -- por que raios eu tenho que fazer isso, por que raios eu escolhi isso, por que raios eu não comecei antes... -- e vem a barganha, se eu conseguir, eu irei beber até cair, vou sumir do mapa; e os mais moderados vão por partes -- no estilo estripador -- come um docinho a cada parágrafo/página. Logo em seguida vem a depressão, não há mais como fugir, ou vai ou racha -- e normalmente esperamos pelo racha. E por último a aceitação, que surge logo antes da entrega ou da primeira frase da defesa.
Brincadeiras e estereótipos a parte, todos saem um pouco do eixo nessa época. Sempre pergunto o que foi que eu respondi logo que percebo o olhar inquiridor  Talvez eu deva perguntar o que eu escrevi...

Comentários

  1. Em plena escritura de minha dissertação, sinto dificuldades imensas de encontrar uma metafísica pra tudo isso que está acontecendo. Ainda não sei em que estágio do trabalho me encontro, pois meu sujeito encontra-se tão fragmentado e acentrado que estabelecer o ponto em que se encontra este sistema é praticamente impossível.
    Defino-me como uma versão feminina de Neo, o escolhido de The Matrix. Eu vivo conectada na matrix, eu quero saber a verdade, eu tomei a pílula vermelha (ou era um halls vermelho??)e quero encontrar o deserto do real...mas pra isso se concretizar, tenho que estruturar todo o meu objeto que insiste em ser indisciplinado e rizomático.
    Bom...espero que todos e todas sobrevivamos a esta fase. Até porque, vamos embarcar em outra (mais longa por sinal...4 anos)assim que terminarmos esta. Na dúvida...siga o coelho branco!

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  2. Comentário literário, mas não poderia ser diferente!

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