Sobre Relevância e Retórica

Um discurso deve ser como o vestido de uma mulher: nem tão cumprido que nos entristeça e nem curto que nos escandalize.
Lula

Considerando-se a Retórica e a Teoria da Relevância (SPERBER&WILSON, 1995) como subáreas da Pragmática e as tratando em interface, pode-se explicar porque a Retórica tem tamanho poder de convencimento, mesmo quando seus argumentos são falaciosos.

Sperber e Wilson, apoiados em estudos sobre a cognição humana e sobre lógica, partem da hipótese de que o Princípio de Relevância, baseado numa relação de economia e eficiência da informação, faz parte da cognição humana. A partir disto, os autores desenvolveram uma abordagem pragmático-cognitiva de como se processa inferencialmente a comunicação.

Segundo o princípio cognitivo, “a cognição humana tende a se dirigir para a maximização da relevância” (Sperber e Wilson, 2001, p. 11.). Algo se torna relevante a um indivíduo na medida em que houver equilíbrio entre esforço cognitivo para processamento de informação e efeitos cognitivos conseguidos: (a) Quanto maior é o número dos efeitos cognitivos, maior é a relevância; (b) Quanto menor é o esforço de processamento, maior é a relevância.

De forma geral e superficial, a retórica tem como principal objetivo persuadir (convencer), para tanto muitos elementos linguísticos e extralinguísticos entram no jogo. As metáforas, a aparência e a prosódia podem ser apontadas como alguns dos elementos de importância na Retórica, elementos dos quais o ex-presidente faz uso.

Devido ao tamanho poder de significação que esta possui, ela estaria localizada entre os benefícios, pois seu custo é menor. Mesmo se o custo é igual ao de um discurso que não explora operadores retóricos de forma rica, já possui maior relevância.
Seguindo essa mesma linha, muita significação para pouco custo, as metáforas e os slogans, constituem pois: unidades concentradas da retórica (COSTA, 2011).

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