De repente, estava aplaudindo a ministra. Sim, havia entrado lá munida das mais fortes convicções de que o argumento tem fórmulas finitas e de que ela não iria poder transcender a esse fato. Sentei-me em um lugar por entre a plateia e coloquei os cotovelos sobre os joelhos, em sinal de confronto de ideias. Sim, eu estava ali ativamente quieta. Sabia como o jogo procedia, todos ali sabiam e estavam bem preparados. Então, nem me preocupei com eles, já haviam se posicionado ao lado do confronto. Nem fiz menção de pegar papel e caneta, nem algo digital, nada seria necessário, as proposições relevantes deveriam ser poucas e recordáveis. Mas o jogo começou, e coisas estranhas começaram. Por alguns instantes, ajustei a experiência à lógica dos fatos, mas algo me escapava. Sim, algo mais forte do que a lógica dos fatos estava no jogo. Argumentos transcendentes àquelas sabidas fórmulas entraram na arena, e eu não consegui subjugá-los mentalmente. Não era sequer necessário manifestar minha contrariedade, não era necessário manifestar nada, mas eu não conseguia não fazer isso. Frustrei-me. Sim, frustrei-me, porque, como um golpe inesperado ao esperado, de repente, estava aplaudindo a ministra.
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