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Extraterrestre. A junção do prefixo com o adjetivo gera uma unidade lexical dotada de uma carga semântica muito cristalizada culturalmente. Isso é visível, por exemplo, quando, há poucos dias, uma entrevistada, em um dos telejornais do país, respondeu a seguinte proposição ao ser questionada sobre sua crença quanto à existência de vida fora da Terra.
"Eu acredito, sim, em vida fora da Terra, só não acredito em ETs".
Pois bem, embora a contradição seja cômica, ela é bastante compreensível. A relação entre as expressões vida fora da Terra e seres de fora da Terra não parece ter uma história de empatia cultural. As divulgações artística, científica e religiosa relacionaram a expressão seres do espaço a uma caricatura conceitual, a um esteriótipo inigualável; e a iconicidade, realmente, é imbatível nesse aspecto!
Quando a Ciência fala em vida fora da Terra, geralmente procura tratar de formas de vida estruturalmente menos complexas, como bactérias, e, mesmo havendo uma agência com forte investimento na área há décadas, a procura de vida extraterrestre inteligente ainda é compreendida como uma questão de probabilidade.
O nome, assim, é um símbolo, pois sua relação com o objeto de referência ou com o sentido é arbitrária, mas é fortemente um índice de relações culturais subjacentes à lingua e de relações de padrões culturais fortemente difundidos. Desatrelar a expressão 'ETs' do conceito de homem esverdeado, baixinho, tripulante de uma nave altamente tecnológica, mas dotado de pouca inteligência e grande hostilidade, é realmente uma tarefa na pauta da diacronia.. Por enquanto, nos divertimos com as contradições lógicas no campo da linguagem.
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