O dito

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Sim, Ronaldinho “Gaúcho” é o assunto da mídia, e não ficaremos indiferentes a isso. A questão aqui é linguagem, claro. Na entrevista coletiva (06/01), o jogador havia dito tudo, embora a mídia com veemência criticasse o desempenho apresentado, alegando que ele não havia dito nada. A questão é que ele não foi explícito como muitos gostariam, mas ele foi claro. Ronaldinho tinha três opções e teceu comentários sobre elas, em suas palavras: “(...) o Palmeiras tem o Felipão, eu tenho muitos amigos lá, e, o Grêmio, é minha cidade, e o Flamengo é o Flamengo, né (...), toda essa torcida, tudo isso que envolve o Flamengo (...)”.

http://www.youtube.com/watch?v=_ntKWS_XY1M&NR=1

O jogador citou o Palmeiras não como ‘time’, mas como local de amigos; o Grêmio não foi citado enquanto ‘time’, mas enquanto clube que ficava localizado em sua cidade, sendo que havia inúmeras outras formas de abordagem potencialmente relevantes para o momento (inclusive quanto à torcida); porém, por último (e não menos importante!), o único ‘time’ anunciado enquanto tal, sem reservas, através do uso de tautologia, foi o rubro-negro. É bastante evidente, também, que o contexto da entrevista, no Rio de Janeiro e com uma grande torcida flamenguista presente, teve reflexo na fala do jogador. Ao falar sobre o Flamengo, ele fez referência ao que estava diante dele, balançando a cabeça e dizendo “essa torcida”, “tudo isso”. Ele falou para seu interlocutor direto, deixando para um plano secundário seu potencial interlocutor, naquele momento “distante”.

Ronaldinho, assim, já havia se posicionado claramente, o interlocutor é que talvez não desejasse entender, o que é totalmente compreensível.


"Quem não conhece o valor das palavras não saberá conhecer os homens." Confúcio