VI
Caminhava depressa. O calçado estava empoeirado e irreconhecível. Vasculhava em seus bolsos. “É válido perguntar? Não quero mais essa sensação. Ela me dá náuseas”. Tantas histórias refletidas no longo caminho gravado no mapa daquela região. Era um caminho sem vegetação, cor de laranja. Cada motivo, uma explicação. Não havia muita umidade, o sol era intenso e as águas ficavam longe daquelas estradas. As pessoas estavam com expressões de abatimento, o verde traria um agrado a elas. Buscou por alguma folha, algo vegetal, vida. Alguém entoou uma canção melancólica, não poderia ser pior. Elas deveriam lutar contra os sentidos e contra o tempo e contra as palavras que rondavam aquele ambiente. As palavras ordenadas e ditas e repetidas e desenhadas e re-escritas e contadas vezes e vezes. “Não diga isso”, alguém escutara sua reclamação febril. “Como não dizer?”. “E se não houvesse? Ou se um deles deixasse apenas umas poucas folhas e o resto fosse a fogo. Imaginaria as mãos tristes por perpetrar a ação?”. “A razão?”. “Necessidade”. “A tristeza?”. “Vaidade”.

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