V
E assim continuava a jornada. A criança que passara todo o tempo recolhendo folhas e botões de flores agora estava sentada em um banquinho de cerâmica. O pequenino ornava um tipo diferente de tigela. Era um objeto feito todo à mão, sem muitos segredos, sem grandes esforços ou alguma atenção adicional. Ao meu olhar, era demasiadamente complexa a sua feitura, nunca fui instruído à técnica. Não sabia mensurar o valor do empenho que se configurava. Ali, percebi que havia pouco ardor e muita diligência. Que o resultado daquele comprometimento era uma tigela desejável. Os objetos, à vista, mostravam-se comuns. Aquele, de beleza peculiar. A pequenez da criança lhe permitia tamanha destreza. Aquelas flores nunca estiveram tão vivas. O objeto nasceria de matéria que fora somente vida. Mas era uma concessão permitida. O verde, o amarelo e o azul integrados, intrigante. A criança, em suas ações, não percebia que criava. E eu também nunca percebi que deles nascia. E eu que vejo que nada percebi.
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