A juventude é tida como uma fase careta do indivíduo, especialmente na contemporaneidade. São diversas rádios, programas de TV, blogs, vlogs, a rede toda e toda a rede alegando tal perspectiva. A caretice é um substantivo pejorativo. A qualidade de ser careta é, antes, uma antiqualidade. A questão que se coloca aqui é: em um contexto sócio-cultural tal qual grande parte da população está inserida, de uma forma ou de outra, isto é, em um modelo de convivência onde a experimentação das relações atinge seu mais alto grau de liberdade, qual a relevância de colocar na mão dos jovens a bandeira de uma juventude presa a convencionalismos, tendo em vista que a prática se mostra contrária a tal discurso? Consequentemente, qual é a razão de uma crítica à juventude careta? Em uma situação em que ser careta é sinônimo de retrocesso, qual é a opção vantajosa que se vislumbra? Francamente, não vejo alternativas interessantes a um comportamento que não me parece prevalecer. Em que realidade tais comunicadores vivem? É sabido que o comportamento humano apresenta tendências a oposições quanto a forças reguladoras e que há um ciclo comportamental um tanto quanto cíclico. À parte descrições psicológicas, em todas as esferas da prática comunicativa, gostaria de ver mais apologia ao voto consciente, à boa tomada de decisão, aos valores morais, ao compromisso, à antimediocridade das relações humanas. Talvez eu esteja sendo careta demais. Espero que isso nunca saia de moda.
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