Histórias..

Há filmes e filmes; livros e livros, verdade seja dita. Há obras que ultrapassam o tempo e outras que se consolidam justamente por seu olhar sobre “o agora”; e outras, ainda, que não compreendemos como foram feitas.

Há filmes e seriados atuais realmente muito bons. A beleza de tais obras parece estar justamente no seu caráter sincrônico, pois são obras que não se pretendem atemporais. No entanto, representam com tamanha sensibilidade detalhes da vida, que se não fossem tais olhares tornarem esses detalhes mais manifestos, talvez não prestássemos atenção neles.

Um filme que me chamou atenção foi As Faces da Verdade (Nothing but the Truth – lançado neste ano diretamente em DVD). O roteiro traz a questão da luta por princípios (algo que parece fora de moda ultimamente) no centro do contexto político-econômico norte-americano. O poder como meio e como fins, e o Estado representando esse poder, que é criado e gerido por pessoas. Dentro do conflito maior, vemos a vaidade do individuo por trás das ações realizadas, com sua fragilidade e falta de estrutura e caráter estampadas. Os diálogos são bem construídos, com frases de impacto e silêncios com significação. Claro que há exageros técnicos, mas que não embaçam o olhar atual do atual estado de coisas.

Outro filme que segue essa linha de reflexão é Capote (2005), centrado em uma parte da vida do pioneiro do jornalismo literário. A fragilidade e a vaidade também estão igualmente presentes, porém o roteiro vive secundário ao lado da atuação de Phillip Seymour Hoffman, sensacional. O roteiro é muito bem construído, centrado em diálogos e do tipo que se perdemos uma cena, perdemos a história. O enredo é realmente detalhista, no sentido de não ser repetitivo, ser linear e objetivo. A fotografia é pesada, como é a temática e o desenrolar dos fatos.

Ambos os filmes terminam e fica o que os gaúchos traduzem pelo “bah!”, seguido de um longo suspiro. Penso que o pior para um filme (como se ele se importasse) é quando termina e temos vontade de seguir a vida normalmente, o que é um tanto inevitável.

Comentários

  1. No segundo parágrafo há uma fala que diz o seguinte:

    "Há filmes e seriados atuais realmente muito bons. A beleza de tais obras parece estar justamente no seu caráter sincrônico, pois são obras que não se pretendem atemporais. No entanto, representam com tamanha sensibilidade detalhes da vida, que se não fossem tais olhares tornarem esses detalhes mais manifestos, talvez não prestássemos atenção neles".

    Gostei desse parágrafo, pois aborda uma questão muito interessante. Nós não percebemos mas muitas das histórias de filmes, seriados, novelas etc, são baseadas em experiências de vida, que muitas vezes nós nunca passamos, mas vemos na tela da TV e levamos como uma experiência vivida e transmitimos essas ideias captadas através de diálogos com amigos e parentes com vivências semelhantes.

    Achei muito bom o texto, principalmente na abordagem sobre os dois filmes que por ventura descreveste muito bem.

    Espero que tenha contribuído com alguma coisa.

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