20 de Setembro

Dia 20 de Setembro se foi. Data bonita. Encerrou uma etapa comemorativa: Viva aos honrosos que lutaram! O Parque se encheu de piquetes e de uma demonstração crescente de hospitalidade e confraternização. Realmente encantador. De ônibus, passava os olhos pelo local: que belos piquetes! Tão rapidamente montados para o evento anualmente esperado por muitos conterrâneos. O olhar se perdia em tábuas sobrepostas, bem colocadas. Até inspirava uma vontade laçante de espiar o que se passava lá dentro naquele exato momento. Mas o ônibus não parou, seguiu um pouco mais. E os olhos também teimaram em permanecer em movimento, olhando na mesma direção. Mas as tábuas tão ajeitadamente sobrepostas deram lugar a um outro parque. Um parque de tábuas velhas e caídas. Não era mais um parque. Não mais havia aquela alegria na visão. Não dava mais vontade de saber o que se passava lá dentro. Queria apenas que o ônibus acelerasse ou retornasse à construção do momento. Queria Harmonia. Alguém me olhou e perguntou se sabia quando iriam remover aquele não-parque de lá. Eu havia lido algo. Sim. Lembrei. Havia uma proposta de tirar aqueles não-piquetes de lado do parque e levar seus não-patrões para não-piquetes de 3m por 5m. Sim. Isso mesmo. Não teria eu que assustar a vista novamente. Os não-piquetes teriam, enfim, uma não-habitação, fora daquela nossa vista encantada com um verdadeiro parque.

Comentários

  1. Oi Stéphane,

    parabéns pelo texto...soubeste expressar bem em palavras esse contraste infeliz que se apresenta não só na capital dos gaúchos mas também em várias outras do nosso país.

    Bruno

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  2. Essa é a nossa realidade social... Afastamos dos olhos aquilo que nunca deveríamos tentar ignorar, mas, sim, tentar resolver. Longe dos olhos, longe do coração, né? Não deveria ser assim...

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